A fim de fazer um intercâmbio?

Leia no Guia da Semana.

Entre o sonho de fazer um curso no exterior, trabalhar, morar e até casar, o número de brasileiros fora do país cresce a cada ano

Por Monique Oliveira

Passaporte, malas, clima, idioma, viagens, moeda, comida, pessoas, diversidade, cultura. A experiência de em algumas horas de viagem pertencer a outro universo é um desafio. Tudo muda – até os pequenos detalhes: de repente, você pode se achar dentro de um banheiro tentando descobrir como funciona a descarga, pegando metrô várias vezes sem saber para onde ir, achando que usar o telefone nunca foi tão difícil…

Calma, tudo isso vai acontecer antes que você se dê conta. Quando perceber, já foi e terá um turbilhão de histórias para contar. Mas antes, é preciso ir. As opções de programas são muitas: high school, estágio, trabalho remunerado, cursos de idiomas, fotografia, artes, cinema e a lista não pára. Com certeza há algum que se encaixe no seu perfil.

No Brasil, o número de pessoas que procuram uma agência de intercâmbio cresce a cada ano. A Central de Intercâmbio (CI), uma das maiores agências do país, registrou aumento de 45% nas vendas de pacotes em relação ao ano passado. “Tivemos crescimento de procura em praticamente todas as categorias” revela a diretora de relacionamentos da CI, Tereza Fulfaro. O mesmo aumento foi registrado por outra agência importante do setor, o Students Travel Bureau (STB). Segundo Andréa Pinotti, gerente de relacionamentos do STB, as razões para esse crescimento são muitas “além da desvalorização do dólar, há a percepção de que é preciso experiência internacional para fazer a diferença no mercado de trabalho”.

Os destinos tradicionais, Canadá, Estados Unidos, Inglaterra e Austrália ainda se destacam como primeira opção para quem procura uma vivência internacional em algum país de língua inglesa. O Canadá tem sido o destino preferido dos brasileiros há cinco anos, quando o governo canadense passou a oferecer lobby e incentivo. As vantagens: qualidade de vida, facilidades, segurança e principalmente o preço.

A Inglaterra ainda tem o seu glamour. Há quem só queira aprender o inglês britânico e, mesmo o país tendo um custo de vida altíssimo para qualquer turista, a procura é enorme. Foi o caso da Mariana de Souza, 18, estudante de turismo, que viajou para Cambridge e fez o preparatório para o FCE. “Eu sempre quis aprender o inglês britânico, fui somente para estudar, economizei ao máximo e consegui meu certificado”.

Já os Estados Unidos dificultou muito a vida dos intercambistas após os ataques do 11 de setembro, mas o país ainda lidera a preferência para os programas de high school, destinado a adolescentes de 15 a 18 anos. Marilia Maganeti, 17, acabou de chegar do programa de seis meses na Louisiana e afirma não ter tido nenhuma dificuldade para conseguir o visto: “Cheguei à agência e foi tudo muito rápido. Depois que decidi, em cinco horas estava com tudo na mão”. O país ainda realiza programas de trabalho no final do ano, com o Work USA, em que o governo norte-americano disponibiliza vagas de emprego de acordo com o número de turistas brasileiros que visitam o país.

Há dez anos, a Austrália era considerado um país exótico e alternativo para os intercambistas, hoje já está no ranking dos mais procurados. Segundo Tereza Fulfaro da CI, tudo depende do perfil do interessado. Procurada geralmente por universitários de classe média alta entre 18 e 25 anos, ela afirma que acontece de tudo. “Tem gente que tem uma personalidade forte, já chega decidido e escolhe países exóticos como primeira opção”, diz.

A África do Sul e a Irlanda têm revelado grandes atrativos para os intercambistas, além do conhecimento de outro idioma e o preço, há vantagens adicionais, especificidades culturais desses países. “A África do Sul é muito procurada para quem quer praticar esportes radicais e a Irlanda, para quem não se identifica com a cultura norte-americana e a inglesa”, afirma a gerente de relacionamentos do Students Travel Bureau, Andréa Pinotti.

A advogada Lygia Costa, depois de pensar muito, acabou optando pela Irlanda. Ficou sete meses, economizou, conseguiu conhecer 14 cidades e viajar para sete países – inclusive sua primeira opção, a Inglaterra. “A Irlanda me oferecia muito, por isso, acabei decidindo pelo país. Não ia ter contato com brasileiros, o preço da acomodação e do curso eram mais baratos, conseguiria ter o mesmo ensino britânico que teria na Inglaterra e viajar mais”. Lygia pretende voltar sem o intermédio de agência, “agora posso me virar sozinha”.

Conheceu seu namorado em Dublin e pretende voltar no final do ano para casar “não tenho mais orçamento para a comodidade de uma agência”, continua. Dicas para quem vai viajar não faltam. Desde o que comer, o que levar, os pontos turísticos, acomodação, preços de transporte, etc. Tudo isso é muito importante e uma boa pesquisa dá conta. No entanto, o fundamental é estar atento e não esquecer que o motivo da viagem são as experiências e não se pode antever tudo – surpresas vão acontecer sempre. Fala-se em choque cultural e até em choque cultural reverso na hora de voltar para casa. Desencane. Perceba que cada região irá te oferecer o melhor de acordo com a cultura que possui e que não necessariamente ela será igual a sua.

Programas de Trabalho

De junho até agosto, os programas de trabalho no exterior abrem inscrições. Confira alguns:

Work USA

Programa de trabalho nos Estados Unidos (entre novembro e março) para resorts, ski resorts, restaurantes, lojas, cafés, hotéis, fast food. Pré-requisitos: Ser universitário, ter entre 18 e 28 anos e nível intermediário de inglês. Funções: garçom, camareiro, atendente, vendedor, barman, caixa, operador de teleférico, entre outros. Preço: US$ 1290.
Inclui: inscrição no programa, Colocação no emprego nos Estados Unidos, assistência de viagem, papéis para obtenção de visto J1 (visto de trabalho).

Mais informações: www.stb.com.br

Au Pair

Intercâmbio para cuidar de crianças nos Estados Unidos. Para mulheres de 18 a 28 anos, com inglês intermediário. Necessário ter ensino médio concluído e carteira de motorista. Período de 12 meses. Inclui: assistência médica, passagem aérea e colocação em casa de família. Preço: US$ 980 com reembolso de US$ 500 após o término do programa. Benefícios: Workshop de 3 a 5 dias em Nova York, remuneração semanal de US$ 139, bolsa auxílio para estudo de US$ 500, 13° mês para viajar e férias remuneradas.

Mais informações: www.stb.com.br

Estágio de Hotelaria e Turismo na Austrália

É preciso ter entre 18 e 30 anos. Estudar graduação ou pós-graduação na área de hotelaria, turismo ou gastronomia, ou ser formado no máximo há dois anos. O programa tem duração máxima de 12 meses e está disponível durante todo o ano. Os salários variam entre Aus$ 10 a 18 por hora, dependendo da função e experiência do candidato. Preço: sob consulta. PASSAGEM u$ 1499 + taxas (VÁLIDA POR 1 ANO).

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