O sucesso do indie

Leia no Guia da Semana.

Por Monique Oliveira

Baseado no “faça você mesmo”, o indie era para ser um movimento de contracultura independente, mas acabou no mainstream

indie rock começou denominando uma série de bandas que em meados dos anos 80 estava longe dos hits produzidos por ícones do pop, como Madonna e Michael Jackson. Sem gravadora e com grunhidos de garagem, o som baseado na atitude do DIY – Do it yourself (faça você mesmo) – ficou conhecido como independente. Hoje, quanto mais desconhecida e mais difícil para achar, mais indie uma banda é.

O movimento indie e sua posição baseada no ser do “contra” não é novidade. Nos anos 60, os hippies já gritavam esse ideal de liberdade. A Nouvelle Vague francesa, o Cinema Novo com Glauber Rocha, o movimento punk e o surrealismo são expressões da quebra de padrões. Na música, a atitude não-comercial ficou conhecida como new wave e, mais adiante, como indie.

Bandas consideradas indie começaram a produzir no underground e caíram nos holofotes da mídia – mas ao invés de serem consideradas ícones do cult como no cinema, foram dominadas pela indústria pop. Foi o auge. Grupos como Green Day, The Offspring e Bad Religion mudaram a cena e ficaram grandes no ramo. Na década de 90, outros começaram indieSmashing Pumpkins, Oasis, Radiohead e até o Nirvana.

Um estilo de vida
Com influências da década de 60 e 70, o termo indie também passou a designar um estilo. Costeletas, franjas, tênis xadrez, paletós, blazers e skinny jeans compõem o visual dos alternativos. A atmosfera cult é reproduzida pelos óculos de acetato, mais conhecido como “aro grosso”. Os indies possuem os mais variados interesses: cinema, literatura, revistas, pintura, arte, etc.

Há quem pergunte o que há de independente em bandas que foram capas de revistas como Rolling Stone e alcançaram as paradas da Billboard. O fato é que começaram indie e alcançaram notoriedade por produzir um rock´n´roll que, se não foi totalmente original, tinha lá o seu quê de diferente e chamou a atenção. Como chegaram nas grandes indústrias fonográficas é um mistério. O mercado é isso: de repente a drag queen que agita raves GLBT pode virar palhaça de festa infantil. A metáfora é exagerada, mas não é lá grande novidade que a indústria do entretenimento tem poderes de fazer o marginal virar hit quando lhe convém. Resultado: fãs histéricas, milhões de discos vendidos e sucesso, muito sucesso.

O punk pop do Green Day

No entanto, não se pode limitar o som desses grupos a uma denominação mercadológica. Tudo mudou. Bandas consideradas independentes na década de 80 e 90 viraram clássicas e até tentaram conservar uma atitude não-comercial, na tentativa de reviver os primórdios dos tempos de garagem.

Em 2001, o indie veio com uma nova roupagem alavancada pelos garotos do Strokes e pelo duo The White Stripes. Baseando-se numa renascença do new wave, o movimento ganhou os mais variados adeptos. Depois que caíram nas mãos da mídia, até deixaram de ser considerados indie pelos mais radicais, mas tentam permanecer com o rótulo que os consagraram.

boom do indie

Conheça algumas bandas que representam a nova geração indie:

The Strokes
Vindos de Nova York, o The Strokes é considerado por muitos críticos os responsáveis pela volta do indie. O vocalista Julio Casablancas e o baixista Nikolai Fraiture são amigos desde crianças e começaram a tocar juntos na escola. Apesar do sucesso, o The Strokes é acusado de ser uma cópia do Velvet Underground e de copiar trejeitos e estilo do Lou Reed.

Influências: Blondie, The Beatles, Velvet Underground e Television

Álbuns: “Is This It” (2001),”Room on Fire” (2003), e “First Impressions of the Earth” (2006)

The White Stripes
Vindos de Detroit (EUA), a dupla formada por Jack White e Meg White há muito já deixaram o universo indie. Com especulações acerca de suas relações, os dois caíram nas colunas de fofoca: já foram irmãos, amigos, colegas de infância e marido e mulher. Jack White veio até a Amazônia para se casar com a modelo Karen Elson no encontro das águas do Rio Negro e Solimões. Apesar do grande sucesso, o The White Stripes ganhou Grammy de melhor álbum alternativo em 2006 por Get Behind me Satan.

Álbuns: “The White Stripes” (1999), “De Stijl” (2000), “White Blood Cells” (2001), “Elephant” (2002), “Get Behind Me Satan” (2005)

Franz Ferdinand
A banda escocesa já veio com ares de indie-cult: o nome da banda remete ao arquiduque austríaco Franz Ferdinand. Aquele cuja morte estourou a Primeira Guerra Mundial. A banda começou a tocar em uma casa abandonada em Glasgow, batizada de “The Château”.

Álbuns: “Franz Ferdinand” (2004), “You Could Have It So Much Better” (2005)

Arctic Monkeys
Os garotos britânicos do Arctic Monkeys são assumidamente fãs do Strokes. Assinaram contrato com a mesma gravadora do Franz Ferdinand e apesar de serem considerados “alternativos” , seu primeiro álbum “”Whatever People Say I Am, That´s What I´m Not” vendeu cerca 118 mil cópias em apenas um dia no Reino Unido.

Álbum: “Whatever People Say I Am, That´s What I Am Not” (2006)

The killers
Formado em 2002, o The Killers veio de Las Vegas (EUA). Foram considerados o melhor grupo de 2005 pela Billboard. O vocalista Brandon Flowers inspirou-se no Oasis e em David Bowie para formar a banda. Outra influência é o New Order: o nome “The Killers” foi tirado de um vídeo chamado Crystal.

Álbum: “Hot Fuss” (2004)

Curiosidade
No Brasil, o funk do grupo paulista Bond das Impostora tem feito sátiras em cima daqueles que cultuam o indie rock. Parodiando Take me out do Franz Ferdinand, o hit “King dos Blasé” tem colocado muita gente pra dançar até nas festas em que o indie comanda.

Onde encontrar indie em São Paulo:

Fun House
Endereço: Rua Bela Cintra, 567 Consolação
Horário: Quarta a sábado, a partir das 23h. Domingo, a partir das 20h
Informações: 7109-7144

Kat Pub
Endereço: Rua da Consolação, 2627 – Jardins

Outs
Endereço: Rua Augusta, 486 – Consolação
Horário: quinta, a partir das 21h30; sexta e sábado, a partir das 23h; domingo, 17h às 23h
Preço(s): consumação: R$ R$ 10,00 a R$ 15,00 (grátis para mulher, sexta e sábado até 0h); entrada: R$ 5,00 a R$ 8,00 (grátis par mulher, sexta e sábado, até 0h)
Informações: 3237-4940

DJ Club
Endereço: Alameda Franca, 241 – Jardim Paulista
Horário: quinta a sábado, 23h às 5h
Preço(s): Até 0h, mulheres vip; depois, R$ 10,00. H: R$ 15,00 a R$ 20,00
Informações: 3541-1955 / 9715-0533

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