Relato no Observatório da Imprensa – Cobertura da covid-19
Em uma sessão desabafo da RedeComCiência que foi publicada no Observatório da Imprensa, falei sobre a cobertura do Covid-19 e a dificuldade do jornalismo de lidar com controvérsias científicas. Presos em um jornalismo declaratório, repórteres de ciência se perderam em meio à complexidade da pandemia.
Veja trecho:
“Monique afirma que a mística da ciência a coloca como a resposta exata e correta “quando sabemos que, dentro da própria ciência, ela se configura como um campo de disputa. Mas o jornalismo não leva para o campo do texto as disputas que estão no campo científico”, explica. “Há uma dificuldade histórica, relacionada com o positivismo e a uma ciência do século XIX, que é unicausal. Hoje não é assim, temos esferas de multicausalidade para os fenômenos ou sistemas de caos. Parte da preparação do jornalista é entender a ciência, e o jornalismo tem que se moldar para refletir as controvérsias”.
Monique fez questão de falar de um outro fator que afeta a qualidade da cobertura: as condições materiais e como as empresas dão suporte aos jornalistas. Ela usou como exemplo sua própria história, em que para fazer um curso ou assistir uma palestra ligada à divulgação científica tinha que pagar aquelas horas trabalhando mais dentro da redação.
“No G1, cobria ciência, saúde, astronomia, meio ambiente, e depois juntaram educação. Era algo insano”, sintetizou Monique. “Por isso, redes de jornalistas como esta, fora do campo, fora das condições de trabalho de uma redação, são fundamentais. E se tiverem apoio financeiro para produzir conteúdo, poderia se fazer jornalismo de qualidade fora da condição estruturante de como as redações se configuram”.
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